quinta-feira, 10 de novembro de 2011

AS FRÁGEIS HASTES



Não voltarei à fonte dos teus flancos
ao fogo espesso do verão
a escorrer infatigável
dos espelhos, não voltarei.

Não voltarei ao leito breve
onde quebrámos uma a uma
todas as frágeis
hastes do amor.

Eis o outono: cresce a prumo.
Anoitecidas águas
em febre em fúria em fogo
arrastam-me para o fundo.



EUGÉNIO DE ANDRADE, in OBSCURO DOMÍNIO (1971) e POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (Modo de Ler, 2011)

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