quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

XI


Olhos postos na terra, tu virás
no ritmo da própria primavera,
e como as flores e os animais
abrirás nas mãos de quem te espera.

EUGÉNIO DE ANDRADE, in AS MÃOS E OS FRUTOS (1948), in POESIA (Modo de Ler, 2011)

Espera


Ainda não chegaste
E já não vens…
E a noite fala-me de ti
Sem te saber,
Procuro no silêncio
Alguma voz
Para as palavras
Que ficaram por dizer.
Amanhã, ao acordar,
Serei só minha,
Sem esperas nem procuras
Apenas eu!
Hoje, deixa-me ser tua
Enquanto é sonho.
Chamar assim por ti,
Sem seres meu!

ANA HOMEM DE ALBERGARIA, in NADA DIREI SOBRE O SILÊNCIO (Edium Ed., 2014)