quarta-feira, 22 de junho de 2016

XXVI


A solidão é uma ilha de silêncio e neblina,
uma cadeia sem grades, um grito sem voz,
a indiferença de quem, se nos olha, não nos vê.

A solidão amarrota-me quando não estás


EDGARDO XAVIER, in AZUL COMO O SILÊNCIO (Chiado Ed., 2014)

sábado, 18 de junho de 2016

SAUDADE


Há dias em que a saudade é mais alta que os himalaias
mais extensa que um oceano
mais densa que o betão
mais brilhante que o sol
mais transparente que a água
mais frágil que o cristal
mais presente que a própria imagem
mais verdadeira que eu.
Há dias em que a saudade és tu.

TERESA BRINCO DE OLIVEIRA, in LAÇOS DE LUAR E OUTRAS HISTÓRIAS (edita-me, 2014)

segunda-feira, 13 de junho de 2016

Por um olhar, um mundo


Por um olhar, um mundo;
por um sorriso, um céu;
por um beijo...não sei
que te daria eu.

Gustavo Adolfo Bécquer

quarta-feira, 1 de junho de 2016

Palavras que disseste e já não dizes


Palavras que disseste e já não dizes,
palavras como um sol que me queimava,
olhos loucos de um vento que soprava
em olhos que eram meus, e mais felizes.

Palavras que disseste e que diziam
segredos que eram lentas madrugadas,
promessas imperfeitas, murmuradas
enquanto os nossos beijos permitiam.

Palavras que dizias, sem sentido,
sem as quereres, mas só porque eram elas
que traziam a calma das estrelas
à noite que assomava ao meu ouvido...

Palavras que não dizes, nem são tuas,
que morreram, que em ti já não existem
— que são minhas, só minhas, pois persistem
na memória que arrasto pelas ruas.

Pedro Tamen
in “Tábua das Matérias”