sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Esta manhã encontrei o teu nome



Klimt

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos 
e o teu perfume a transpirar na minha pele. E o corpo 
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves 
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções. 



No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha 
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração 
que era o resto da vida - como um peixe respira 
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida 


foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti 
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara 
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo 


um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama 
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos, 
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota 
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.





Maria do Rosário Pedreira

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