domingo, 30 de setembro de 2012

REFLEXOS

Olho-te pelo reflexo
Do vidro
E o coração da noite
E o meu desejo de ti
São lágrimas por dentro,
Tão doídas e fundas
Que se não fosse:

o tempo de viver;
e a gente em social desencontrado;
e se tivesse a força;
e a janela ao meu lado
fosse alta e oportuna,

invadia de amor o teu reflexo
e em estilhaços de vidro
mergulhava em ti.

ANA LUÍSA AMARAL, in COISAS DE PARTIR (Fora do Texto, 1993), in INVERSOS - POESIA 1990-2010 (Pub. D. Quixote, 2010)

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