domingo, 22 de abril de 2012

PALAVRA QUE DESNUDO



Entre a asa e o voo
nos trocámos
como a doçura e o fruto
nos unimos
num mesmo corpo de cinza
nos consumimos
e por isso
quando te recordo
percorro a imperceptível
fronteira do meu corpo
e sangro
nos teus flancos doloridos
Tu és o encoberto lado
da palavra que desnudo


MIA COUTO, in RAIZ DE ORVALHO E OUTROS POEMAS (Ed. Caminho, 2009)

Sem comentários:

Enviar um comentário