terça-feira, 6 de agosto de 2013

[NÃO É SONHO AQUILO QUE VIVO]


Não é sonho aquilo que vivo
Quando morro nas horas do sono.
São pedaços eternos de tempo
Que se despedem de mim
E da nudez do meu corpo.
Sofre-me mais uma vez,
O menos possível
E eu corro pelo mar dentro,
Neste quarto escuro,
Onde a noite não me prende
Nem evitou que partisses.
Vem embarcar no silêncio,
De mãos vazias,
Onde tantas vezes
Nos encontrámos.
Percorre comigo
A sombra deste chão
Que já foi nosso
Quando o meu corpo
Era certeza e vento
E o teu, argila e fogo

PAULO EDUARDO CAMPOS, in NA SERENIDADE DOS RIOS QUE ENLOUQUECEM (Amores Perfeitos, 2005)

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