segunda-feira, 22 de julho de 2013

DA ALMA SÓ SEI O QUE SABE O CORPO


Da alma só sei o que sabe o corpo:
onde a esperança e a graça
aspiram ao ardor
da chama é a morada do homem.

Vê como ardem as maçãs
na frágil luz de inverno
uma casa devia ser
assim: brilhar ao crepúsculo
sem usura nem vileza
com as maçãs por companhia.
Assim: limpa, madura.

EUGÉNIO DE ANDRADE, in OFÍCIO DE PACIÊNCIA (1994), in POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE (Modo de Ler, 2011)

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