segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

TEMPESTADE DE ALMA

Se eu fosse tempestade
e do céu me perdesse
se eu fosse apenas saudade
e me esquecesse
se eu fosse um trovão
sem ter aonde cair
e sem querer te fosse pedir
que me acolhesses
que também tu esquecesses
o que ficou para trás
se da noite eu me libertasse
e a dor afugentasse
para bem longe de mim
Será que o silêncio que sinto
se esvairia
será que sentiria
a dor se acalmar?
se pelo menos eu pudesse ser mar
e nele naufragar
sem destino
navegar apenas
me deixando ir
se eu tivesse o condão
de fazer acontecer
como tudo seria bem diferente
a noite não seria noite
não seria escura
teria cor e movimentos
e dela não sairiam sombras
nem lamentos
e se no meio da tempestade
eu me acabasse
mas pudesse ficar bem perto de ti
eu não me importaria de não ser
de não poder acontecer
porque te teria
e em teus braços adormeceria
até o sol de novo aparecer...

SÃO REIS, in PALAVRAS NOSSAS (Esfera do Caos, 2011)

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