sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

COMO A SENTIR A TUA CARA RENTE


como a sentir a tua cara rente
à minha e as tuas mãos nas minhas, ou
como se a dança amarguradamente
nos desse nesta noite ainda um slow

levado a medo, apenas a ternura
a conduzir de leve os nossos passos
e o corpo estremecendo-te à procura
do seu lugar na grade dos meus braços

e a luz, fina película de vidros
por entre a frialdade de janeiro,
a trespassar os corações partidos
estranhamente, e o meu sendo o primeiro,

como se não doesse o que doía
na própria dor tingida de alegria.


VASCO GRAÇA MOURA, in IACOONTE, RIMAS VÁRIAS, ANDAMENTOS GRAVES (1995), in POESIA REUNIDA, 2, (Quetzal, 2012)

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