domingo, 15 de setembro de 2013

[COMO EU GOSTO DE TI]


Como eu gosto de ti? Deixa-me contar os modos - e não repito
Gosto de ti até ao fundo, até ao fôlego, até à altura
Que a minha alma alcança, quando me sinto na lonjura
Até aos confins do ser, e do bem infinito.

Gosto de ti como o diário e normal requesito
À luz do sol e a meio da noite escura
Gosto de ti livremente, como pelo bem se luta com bravura
Gosto de ti puramente, com a pureza de um gesto contrito

Gosto de ti com a paixão que senti
Nas mágoas passadas, na fé da infância
Gosto de ti com o amor que perder temi

Quando perdi os meus santos - Gosto de ti de tal sorte
Sorrisos, lágrimas, de toda a vida! - e a Deus já pedi
Que eu goste de ti ainda mais depois da morte.

ELIZABETH BARRETT BROWNING, in SONETS FROM THE PORTUGUESE - A CELEBRATION OF LOVE (1847; St Martin's Press, 1986), tradução de CARLOS CAMPOS

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