sábado, 10 de março de 2012

QUE

Que silêncio me dás que eu já não tenha
Quebrado por palavras inquietas
Que resistem na meia-luz da ideia
Que se afirma cada vez mais lentamente
Que o devagar onde a vista se perde?

Que haja o dia de ser o eixo por
Que se movem em nós as mãos da água
Que definem as marcas arbitrárias
Questionadas na penumbra dos quartos
Que regressam, simplesmente regressam.

Que forma tem a transparência com
Que me envolves nos hemisférios em
Que não pergunto à voz da noite de
Que cores se tece a dimensão de um mar
Que por sombras e luzes anuncia
Que forma tem?


MÁRIO DOMINGOS, in O DESPERTAR DOS VERBOS (Edium Editores, 2011)

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