domingo, 16 de outubro de 2011

ESPERA

Deito-me tarde
Espero por uma espécie de silêncio
Que nunca chega cedo
Espero a atenção a concentração da hora tardia
Ardente e nua
É então que os espelhos acendem o seu segundo brilho
É então que se vê o desenho do vazio
É então que se vê subitamente
A nossa própria mão poisada sobre a mesa

É então que se vê passar o silêncio

Navegação antiquíssima e solene



SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in GEOGRAFIA (1967), in OBRA POÉTICA (Caminho, 2010)

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