sexta-feira, 29 de julho de 2011

Sem Corpo Nenhum



Sem corpo nenhum, 
como te hei de amar? 
— Minha alma, minha alma, 
tu mesma escolheste 
esse doce mal! 

Sem palavra alguma, 
como o hei de saber? 
— Minha alma, minha alma, 
tu mesma desejas 
o que não se vê! 

Nenhuma esperança 
me dás, nem te dou: 
— Minha alma, minha alma, 
eis toda a conquista 
do mais longo amor! 

Cecília Meireles, in 'Poemas (1942-1959)'

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