sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Ainda não te perdi e já tenho saudades tuas


Ainda não te perdi e já tenho saudades tuas.
Da tua voz. Do teu cheiro. Da tua roupa espalhada
pela casa. A nossa história de tão verdadeira, é fictícia.
Foi animada como uma noitada com amigos. Hoje,
é um caso arquivado. Onde estivemos todos estes anos?
Que diferença faz a indiferença? O nosso entusiasmo
do tamanho do mundo é agora uma aldeia estranha,
um espaço acanhado onde ninguém se reconhece.
Nunca tivemos a coragem de pisar o risco, de trocar
todos os dias por cada um dos nossos dias.
A tua juventude e a minha juventude não voltarão
a tocar-se, vamos a caminho de outro tempo.
Um tempo onde não há tempo para voltar atrás.

Joaquim Pessoa, em "Ano Comum"

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