quinta-feira, 9 de outubro de 2014

COMEÇO A CONHECER-ME. NÃO EXISTO.


Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche a porta e deixe de ter barulho de chinelas no corredor.
Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

ÁLVARO DE CAMPOS
Poesias
Heterónimo de Fernando Pessoa

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