domingo, 10 de novembro de 2013
NO SILÊNCIO DE UMA LÁGRIMA
escrevo-te...
... nem sei porque te escrevo
escrevo-te sem guião,
meras palavras que entenderás ou que talvez
flutuem perdidas numa folha de papel amarfanhada
escrevo-te sem intenção que não seja
a de escrever
o que talvez nunca crescesse num jardim abandonado
escrevo-te a flor, o amanhecer, a tristeza e a dor,
o encontrar e o perder
escrevo-te a vida, a tua e a minha, escrevo-te os dias
e as noites sem fim
escrevo-te... nem sei porque te escrevo...
no silêncio de uma lágrima escrevo-te
as rugas da minha alma
e as sombras que me vestem o tempo
JOÃO CARLOS ESTEVES, in INVENTEI-TE AS MANHÃS (Chiado Ed., 2013)
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