sexta-feira, 29 de julho de 2016
Estou Mais Perto de Ti porque Te Amo
Estou mais perto de ti porque te amo.
Os meus beijos nascem já na tua boca.
Não poderei escrever teu nome com palavras.
Tu estás em toda a parte e enlouqueces-me.
Canto os teus olhos mas não sei do teu rosto.
Quero a tua boca aberta em minha boca.
E amo-te como se nunca te tivesse amado
porque tu estás em mim mas ausente de mim.
Nesta noite sei apenas dos teus gestos
e procuro o teu corpo para além dos meus dedos.
Trago as mãos distantes do teu peito.
Sim, tu estás em toda a parte. Em toda a parte.
Tão por dentro de mim. Tão ausente de mim.
E eu estou perto de ti porque te amo.
Joaquim Pessoa
quinta-feira, 28 de julho de 2016
Quantas vezes te digo
Quantas vezes te digo
quantas vezes...
que és para mim
o meu homem amado?
O que chega primeiro
e só parte por vezes
antes de perceber
que já tinhas voltado
Quantas vezes te digo
quantas vezes...
que és para mim
o meu homem amado?
Aquele que me beija
e me possui
me toma e me deixa
ficando a meu lado
Quantas vezes te digo
quantas vezes...
que és para mim
o meu homem amado?
Que sempre me enlouquece
e só aí percebo
como estava perdida
sem te ter encontrado.
Maria Teresa Horta
terça-feira, 12 de julho de 2016
Horas, horas, sem fim
Horas, horas, sem fim,
pesadas, fundas,
esperarei por ti
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça.
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
Eugénio de Andrade
domingo, 10 de julho de 2016
Quando vieres
guarda-me nos teus braços
e ama-me.
Que nenhuma indiferença
torne estranho o teu corpo.
Que nenhuma mágoa feche o teu coração
e que seja a tua boca o começo da alegria
onde beberei
com as palavras e os beijos
a certeza da perfeição do meu destino.
Ama-me.
Quero-te junto à minha voz.
EDGARDO XAVIER, in ESCRITA ROUCA (Insubmisso Rumor, 2016)
COMEÇO DA ALEGRIA
domingo, 3 de julho de 2016
Dia 242
Uma ilha num mar de solidão.
Tinha um nome a ilha onde morei.
Chamava-se essa ilha Coração.
Que saudades do tempo que passei.
Nenhum desses momentos foi em vão.
Do teu corpo, de ti, já nada sei.
Também não sei da ilha, não sei, não.
Só sei de mim, coberto de raízes.
Enterrei os momentos mais felizes.
Vivo agora na sombra a recordar.
A ilha que eu amei já não existe.
Agora amo o céu quando estou triste
por não saber do coração do mar.
JOAQUIM PESSOA, in ANO COMUM (Litexa, 2011), (Ed. Edições Esgotadas, 2ª ed., 2013)
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