sábado, 12 de dezembro de 2015
Amo-te como a planta que não floriu
Amo-te como a planta que não floriu e tem
dentro de si, escondida, a luz das flores,
e, graças ao teu amor, vive obscuro em meu corpo
o denso aroma que subiu da terra.
Amo-te sem saber como, nem quando, nem onde,
amo-te diretamente sem problemas nem orgulho:
amo-te assim porque não sei amar de outra maneira,
a não ser deste modo em que nem eu sou nem tu és,
tão perto que a tua mão no meu peito é minha,
tão perto que os teus olhos se fecham com meu sono.
Pablo Neruda
sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
NOITE QUE ME SOBRA
Queria traduzir os silêncios
que te brotam entre os dedos,
enganar os compassos mortos,
soltar as vontades presas
e costuradas no parapeito do coração.
Queria beijar essa boca
que só em prova se sente,
chover no molhado do teu cheiro
e acender o fogo que sopra o amor
na ternura dos lençóis de cetim.
Queria fazer outro caminho
contigo, e no teu corpo,
soltar os poros da alma
e colher frutos de êxtase
num pomar de carinho.
Queria amanhecer contigo
e nas brechas do desalinho do tempo
dissolver o sono que me roubas,
porque… é tanta a noite
que me sobra nos braços!
ANTÓNIO CARLOS SANTOS, in DA GEOMETRIA DO AMOR (Seda Publicações, 2015)
que te brotam entre os dedos,
enganar os compassos mortos,
soltar as vontades presas
e costuradas no parapeito do coração.
Queria beijar essa boca
que só em prova se sente,
chover no molhado do teu cheiro
e acender o fogo que sopra o amor
na ternura dos lençóis de cetim.
Queria fazer outro caminho
contigo, e no teu corpo,
soltar os poros da alma
e colher frutos de êxtase
num pomar de carinho.
Queria amanhecer contigo
e nas brechas do desalinho do tempo
dissolver o sono que me roubas,
porque… é tanta a noite
que me sobra nos braços!
ANTÓNIO CARLOS SANTOS, in DA GEOMETRIA DO AMOR (Seda Publicações, 2015)
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